terça-feira, 26 de maio de 2009

O Mais Bonito no Futebol.

Aproveitando o ensejo da “re-inauguração” do meu blog e o projeto contra a violência nos estádios de futebol que foi apresentado pelos alunos do 9º ano hoje, trago um texto que não é de minha autoria, mas que retrata de forma esplêndida como funciona um torcedor de verdade. Aquele torcedor que escolhe um time só! Diferentemente do que acontece aqui no Nordeste, onde por influência da mídia as pessoas são, desde crianças, criadas a torcer por um time do eixo Sul/Sudeste e outro de seu estado. Como eu disse hoje na hora da apresentação do trabalho: "Vista sua camisa, pegue sua bandeira, grite, cante, chore, sofra, seja um torcedor de verdade!"


Segue o texto de Mauro Cezar Pereira com alguns destaques meus:


"Newcastle cai e confirma que torcer, até a morte, é o mais bonito do futebol!

Minha filha tem 11 anos e há aproximadamente quatro escolheu um time para torcer. Obviamente fiquei feliz pelo interesse da menina por futebol, mas alertei: "Agora você não pode trocar, terá que ficar ao lado desse clube para sempre, até o fim, aconteça o que acontecer".

Ela não virou casaca. Para quem gosta de futebol, torcer é a melhor parte. O sofrimento das derrotas é recompensado pela euforia das vitórias. E quando elas demoram, a alegria é mais rica, maior, como se ficasse guardada, sendo acumulada numa caderneta de poupança durante anos. Torcer para o mais forte, para o melhor? Deixemos para quem não gosta de futebol.

A paixão do torcedor é algo incondicional. Você simplesmente ama um time, a ponto de acompanhá-lo todo o tempo. Em "las buenas y en las malas", como cantam as hinchadas argentinas. Não por acaso a fidelidade ao clube de coração é o maior orgulho do verdadeiro torcedor.

Imagine uma agremiação com 127 anos de existência e mirrados quatro campeonatos nacionais, o mais recente (?) há 82 temporadas. Para aliviar (?) um pouco o jejum, são seis Copas, mas a última conquistada 54 anos atrás.

O time não faz boa campanha desde a temporada 2002/2003, quando foi terceiro. Para piorar, passou os últimos meses lutando contra o rebaixamento. Mesmo assim, em média 48.750 pessoas pagaram para ver seus jogos em casa, no estádio que comporta 52.387. São incríveis 93% de ocupação.

Este é o Newcastle United, que caiu para a segunda divisão da Inglaterra. Na última rodada da Premier League, dependia de tropeços de Sunderland ou Hull City, que perderam. Mas aí precisaria pelo menos empatar com o Aston Villa. Foi derrotado. E com gol contra do irlandês Duff.

O ex-jogador do Chelsea é um dos vários nomes destacados, de seleção, que os Magpies contrataram nas últimas temporadas. Sem sucesso. Os seguidos fiascos culminaram no rebaixamento. E a queda se confirmou sob o comando do maior ídolo recente, Alan Shearer.

O ex-artilheiro assumiu o barco em meio à tempestade tentando livrá-lo do naufrágio. Não deu, mesmo contando com nomes de peso, casos de Coloccini, Joey Barton, Oba-Oba Martins, Alan Smith, Jonás Guttiérrez, Gerémi, Nick Butt, Løvenkrands, Viduka e o outrora badaladíssimo Michael Owen.

Os torcedores presentes ao Villa Park, em Birmingham, sofreram, choraram e no final aplaudiram. Quando a próxima temporada começar, os adversários não serão Manchester United, Chelsea, Liverpool, Arsenal, e sim Barnsley, Plymouth, Doncaster, entre outros times pequenos, quase inexpressivos.

Mas a torcida estará lá, lotando Saint James' Park, como sempre. É assim na Inglaterra, na Argentina, na Alemanha, no Brasil. A explicação é simples: melhor do que vencer é ter um time pelo qual torcer."

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